segunda-feira, 26 de maio de 2008

O Tesouro

Eça de Queiroz visitou-nos e trouxe-nos, pela voz da Denise, um conto onde a astúcia e o crime imperam durante a busca de um tesouro perdido que três irmãos fazem numa floresta.
Eça foi mais longe, usando a imaginação, o humor e a poesia, misturando o drama com a comédia, o que tornou a audição e a leitura deste conto bastante apetecível.
Boas audições, óptimas leituras...

O Tesouro - Parte I Eça de Queiroz (mp3)


Nota: Para ouvir estas Palavras Viajantes precisa ter um leitor MP3 instalado no seu computador.
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Assim escreveu Eça de Queiroz:

O TESOURO

I

Os três irmãos de Medranhos, Rui, Guanes e Rostabal, eram então, em todo o Reino das Astúrias, os fidalgos mais famintos e os mais remendados.
Nos Paços de Medranhos, a que o vento da serra levara vidraça e telha, passavam eles as tardes desse inverno, engelhados nos seus pelotes de camelão, batendo as solas rotas sobre as lajes da cozinha, diante da vasta lareira negra, onde desde muito não estalava lume, nem fervia a panela de ferro. Ao escurecer devoravam uma côdea de pão negro, esfregada com alho. Depois, sem candeia, através do pátio, fendendo a neve, iam dormir à estrebaria, para aproveitar o calor das três éguas lazarentas que, esfaimadas como eles, roíam as traves da manjedoura. E a miséria tornara estes senhores mais bravios que lobos.
Ora, na primavera, por uma silenciosa manhã de domingo, andando todos três na mata de Roquelanes a espiar pegadas de caça e a apanhar tortulhos entre os robles, enquanto as três éguas pastavam a relva nova de Abril, - os irmãos de Medranhos encontravam, por trás de uma moita de espinheiros, numa cova de rocha, um velho cofre de ferro. Como se o resguardasse uma torre segura, conservava as suas três chaves nas suas três fechaduras. Sobre a tampa, mal decifrável através da ferrugem, corria um dístico em letras árabes. E dentro, até às bordas, estava cheio de dobrões de ouro!
No terror e esplendor da emoção, os três senhores ficaram mais lívidos do que círios. Depois, mergulhando furiosamente as mãos no ouro, estalaram a rir, num riso de tão larga rajada, que as folhas tenras dos olmos, em roda, tremiam... E de novo recuaram, bruscamente se encararam, com os olhos a flamejar, numa desconfiança tão desabrida que Guanes e Rostabal apalpavam nos cintos os cabos das grandes facas. Então Rui, que era gordo e ruivo, e o mais avisado, ergueu os braços, como um árbitro, e começou por decidir que o tesouro, ou viesse de Deus ou do demônio, pertencia aos três, e entre eles se repartiria, rigidamente, pesando-se o ouro em balanças. Mas como poderiam carregar para Medranhos, para os cimos da serra, aquele cofre tão cheio? Nem convinha que saíssem da mata com o seu bem, antes de cerrar a escuridão. Por isso ele entendia que o mano Guanes, como mais leve, devia trotar para a vila vizinha de Retortilho, levando já ouro na bolsinha, a comprar três alforjes de couro, três maquias de cevada, três empadões de carne, e três botelhas de vinho. Vinho e carne eram para eles, que não comiam desde a véspera; a cevada era para as éguas. E assim refeitos, senhores e cavalgaduras, ensacariam o ouro nos alforjes, e subiriam para Medranhos, sob a segurança da noite sem lua.
- Bem tramado! - gritou Rostabal, homem mais alto que um pinheiro, de longa guedelha, e com uma barba que lhe caía desde os olhos raiados de sangue até a fivela do cinturão.
Mas Guanes não se arredava do cofre, enrugado, desconfiado, puxando entre os dedos a pele negra do seu pescoço de grou. Por fim, brutalmente:
- Manos! O cofre tem três chaves... Eu quero fechar a minha fechadura e levar a minha chave!
- Também eu quero a minha, mil raios! - rugiu logo Rostabal.
Rui sorriu. Decerto, decerto! A cada dono do ouro cabia uma das chaves que o guardavam. E cada um em silêncio, agachado ante o cofre, cerrou a sua fechadura com força. Imediatamente Guanes, desanuviado, saltou na égua, meteu pela vereda de olmos, a caminho de Retortilho, atirando aos ramos a sua cantiga costumada e dolente:

Olé! olé!
Sale la cruz de la iglesia,
Vestida de negro luto...




Continuamos na próxima semana...

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Artur e o Minimeus



A leitura que propomos esta semana é Artur e os Minimeus, uma história de Luc Besson que é a estreia deste realizador de cinema no mundo da literatura infantil. A saga é composta por quatro livros que contam, igual número de aventuras de Artur e dos seus amigos minimeus.

Luc Besson realizou o filme que estreou em 2006 e que já podemos ver em DVD, contudo, a forma extremamente cinematográfica que Luc Besson emprega faz com que a leitura nos leve a imaginar cada cenário e cada aventura e torna as aventuras mais fantásticas que as imagens do filme. A não perder.

Boas audições, óptimas leituras.

Artur e os Minimeus Luc Besson (mp3)

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Sinopse: Artur vive no campo com a avó. Apesar de se sentir abandonado pelos pais, que raramente o vão visitar, vive feliz no seu mundo de brincadeiras. Alfred, o pachorrento cão de guarda, é o seu companheiro inseparável. Mas um dia, a vida tranquila de Artur é abalada pela ameaça implacável de um homem poderoso, que quer ficar com a casa da avó. Sem quaisquer escrúpulos, consegue intimar a velha senhora a abandonar a casa em 48 horas, caso não consiga pagar uma antiga dívida.
Mas há um tesouro, escondido algures no jardim, que os poderia salvar. No entanto, só o avô, que desapareceu misteriosamente há quase quatro anos, conhece o seu paradeiro. O nosso herói decide entrar em acção e sozinho, descobre um segredo fantástico que o pode conduzir ao avô – a “chave” para passar para o mundo dos Minineus – e parte para uma aventura inesquecível.

Fontes:
http://www.webboom.pt/ficha.asp?ID=97751
http://www.fm-media.net/news02/1481.jpg

sábado, 10 de maio de 2008

Diário Secreto de Adrian Mole

Com "O diário secreto de Adrian Mole" a família das Palavras Viajantes cresceu. Cresceu porque voltou à puberdade e reviveu de novo a fase do armário e cresceu porque integrou uma nova voz, a da Rita, aluna do 8º ano.

O Diário Secreto de Adrian Mole Sue Townsend

Boas audições, óptimas leituras.


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Equador

Equador foi uma leitura realizada pela Ana Beatriz do 12º ano e que agora trazemos aqui, pela voz da Cátia Pereira do 9º ano.

Equador Miguel Sousa Tavares

Boas audições, óptimas leituras.


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Lançamento do livro "Marcado a Cal"

As duas crónicas do livro "Marcado a Cal" de Vítor Encarnação, lidas pelos alunos da nossa escola.
Denise Raposo e Rafael Deram voz e vida às palavras do autor.

Tarde Submersa Vítor Encarnação
Guardador de Homens Vítor Encarnação

Boas audições, óptimas leituras.

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Comemorações do Dia do Livro

Às comemorações do 25 de Abril, do Dia do Livro, e durante a realização da 18ª Quinzena Cultural do Concelho de Castro Verde, foi lançado o livro Marcado a Cal de Vítor Encarnação.
A Biblioteca Municipal Manuel da Fonseca organizou o evento e convidou a equipa da Palavras Viajantes para a leitura de duas crónicas do livro. Aceite o convite e de forma a "criar" ambiente o autor criou mais uma crónica na qual faz a apresentação da equipa onde jogava, no campeonato da Inatel.
O Filipe Balagueira deu-lhe voz e emoção.

Apresentação da equipa
Vítor Encarnação

Boas audições, óptimas leituras.

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segunda-feira, 31 de março de 2008

Novas Emissões

Depois de um interregno forçado por motivos técnicos voltámos a disponibilizar as emissões radiofónicas das Palavras viajantes, agora numa nova morada.

O endereço do nosso site é agora: www.escastroverde.edu.pt

O General e o Arrumador - Medina Ribeiro

Dia de Páscoa - Vítor Encarnação

O homem da bicicleta Vítor Encarnação

A cidade dos Deuses Selvagens Isabel Allende

O Automóvel Manuel da Fonseca

Capitães da Areia Jorge amado

Acabou Rita Mestre

O homem sentado à porta 2 José Luís Peixoto

O homem sentado à porta 1 José Luís Peixoto

O Berlinde Manuel da Fonseca

Conto de Ano Novo Jacinto Lucas Pires

Um conto de Natal 3 Paul Auster

Um conto de Natal 2 Paul Auster

Um conto de Natal 1 Paul Auster

O Largo 4 Manuel da Fonseca

O Largo 3 Manuel da Fonseca

O Largo 2 Manuel da Fonseca

O Largo 1 Manuel da Fonseca

Boas audições, óptimas leituras.

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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Esta semana...

...O sonho de despertar nos outros a vontade para as leituras está a ter intermitências que o perturbam. Estas intermitências devem-se à necessidade de intervenção no servidor onde temos os nossos .mp3 alojados, contudo, tão rapidamente quanto for possível, a normalidade será reestabelecida.
Entretanto, na Rádio Castrense, esta semana foi reposta a leitura do conto da Rita Mestre, uma vez que fora emitido em dia excepcional - no Dia dos Namorados - e a equipa coordenadora daquela instituição achou por bem, emiti-la também no dia e horário regular.
Não queremos, todavia, deixar passar a semana sem uma agradável leitura. Encontrámos, no endereço http://www.portaldetonando.com.br/forumnovo/viewtopic.php?t=3063 a mais bela leitura sobre O Principezinho de Saint-Exupery, com locução de Paulo Autran e música de Tom Jobim. Está dividido em duas partes de cerca de 15 minutos cada, mas garantimos que vale a pena ouvir e ouvir e tornar a ouvir.

Boas audições, melhores leituras.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Português com sotaque

Palavras Viajantes tem percorrido o mundo com as suas leituras, levando cada um de nós a viagens de sonho.
Depois de voltarmos às planícies alentejanas e nos espraiarmos na beleza do pôr-do-sol apesar dos encontros e desencontros da vida, com o conto da Rita Mestre, esta semana atravessamos o oceano Atlântico e visitamos a Bahia, terra de Jorge Amado para escutar a Raquel Paulino ler-nos um trecho de um livro.
Para a Raquel foi um breve regresso ao Brasil de onde é originária, para nós foi conhecer ou reencontrar os Capitães da Areia de Jorge Amado.

Palavras Viajantes - Capitães da Areia.mp3


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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Especial Dia de S. Valentim

Para comemorar o Dia do Namorados, lançou-se um desafio aos alunos do 12º Ano da escola secundária de Castro Verde - fazer um conto temático.
Depois de uma selecção rigorosa apurou-se o conto da Rita Mestre.
A Cátia deu-lhe voz e a Rádio Castrense difundiu-o nas ondas de éter.

Eis a nossa edição especial do Dia dos Namorados das Palavras Viajantes.

Boas leituras.

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O berlinde

Berlindes, bogas, arraiois... são pequenas contas de vidro que fazem as delícias de miúdos e das quais muitos graúdos guardam memórias de tenra idade.
Manuel da Fonseca falou-nos do jogo do berlinde, numa evocação da sua meninice.
A Denise emprestou a sua voz às Palavras Viajantes desta semana.

O berlinde

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E se alguém escrevesse um livro sobre...

A Denise, do 12 Ano, foi convidada a dar voz a um conto de José Luís Peixoto.
Foi também a primeira vez que registámos o processo de gravação da rubrica.
O professor Paulo Gaspar orientou a leitura da Denise, o professor Joaquim Rosa gravou e editou. Eis aqui as imagens e as leituras.

Um conto 1
Um conto 2
Um conto 3























Nota:

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Enfim... um novo ano!

Ano Novo, autor jovem com um conto de ano novo.
Jacinto Lucas Pires foi a nossa escolha.
A professora Paula Freire emprestou a sua voz às Palavras Viajantes.

Um conto de Ano Novo

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O Natal chegou até nós

A Cátia Pereira, da turma A do 9º ano deu voz a um conto de natal de Paul Auster.

Um conto de Natal 1
Um conto de Natal 2
Um conto de Natal 3

Boas audições, boas leituras.

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Palavras Viajantes - palavras prévias

A Biblioteca da Escola Secundária de Castro Verde, em parceria com a Biblioteca Municipal e a Rádio Castrense realiza rubricas de leitura de contos, crónicas e extractos de livros de autores consagrados que passam todas as 2ªs feiras na Rádio Castrense.
Não fica, porém, pelas palavras de grandes autores.
Lança o repto aos seus alunos e desafia-os para a produção de textos. Os melhores ganham vida nas vozes dos colegas e professores e difundem-se nas ondas do éter e tornam-se, também eles, magia pura, ombreando com as palavras eternas de grandes escritores e poetas.

As primeiras edições são dedicadas à leitura do conto "O Largo" de Manuel da Fonseca e a Cátia Pereira, da turma B do 9º ano, enfrentou o seu primeiro grande desafio - o emprestar a sua voz a estas Palavras Viajantes.

O Largo 1
O Largo 2
O Largo 3
O Largo 4

Boas leituras.

Nota:
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